Post extraído do blog http://parapensarpositivo.blogspot.com
Dia 02/06/07
Se hj ficar dificil de entender o post vcs me perdoem... Tudo está muito dificil de entender e aceitar. Talvez as idéias não fiquem tão claras no papel, pq elas tb não estão claras na cabeça.
O q vc`s sentem qdo o bebê mexe? Sensação de borboletas, uma ondinha, um tremor? Aposto q qq q seja a resposta deve ser uma emoção maravilhosa.
O q eu sinto qdo o bebê mexe? Dor. Uma dor inexplicável, que me tira a cor, o ar, o humor. E tão logo a dor passe uma gota de sangue aparece. Sempre desejei saber o q é sentir o bebê mexer. Mas nunca imaginei q eu fosse sofre tanto. Que Deus me perdoe pelo q vou dizer, mas prefiro não sentir. Embora a angústia de não saber ao certo q ele está bem seja grande, a dor é muito maior.
Pq tudo tinha q ser assim? Será um castigo pelo meu desejo de ter um filho sem ter q passar pela gravidez? Será q por desejar muito mais ser mãe do q ser grávida eu tenha q passar por todo esse desconforto? Eu acredito q não. Por mais q tudo seja tão dificil, tão doloroso, não creio q seja uma punição. Pelo contrário. Acho q seja uma benção. Pq qdo tudo passar, independente das consequências eu vou poder dizer q sou mãe. Mãe de bebê ou de anjo tanto faz... Mas eu fui e sou mãe.
As coisas não estão fáceis pra mim. Muitas coisas acontecem e me fazem pensar pq eu, pq comigo, pq q tem q ser assim. Eu ainda não sei a resposta pra essas perguntas... A única coisa q eu sei é q é assim e nada posso fazer pra mudar.
No dia 31/05 fomos a um médico especialista em medicina fetal muito conceituado. Logo de cara simpatizamos com ele. Médico humano q levanta da mesa pra cumprimentar os pacientes. Que se interessa em saber como estamos (não só fisicamente). Ele nos tratou muito bem e em nenhum momento nos deu falsas esperanças, mas tb não tirou de cara as q a gente tinha.
Fizemos uma US (q nem sei o nome) modernissima e o q ele viu, o deixou muito preocupado. Explicou q as chances estão muito pequenas (coisa de menos de 1%) e q temos q pensar na minha saúde antes de qq coisa. Optamos por tentar fazer a infusão de liquidos na barriga.
Ele convocou os médicos (alunos da especializaçao em med. fetal) e começou o procedimento.
Fora ele mais 6 médicos vieram assistir e participar. Primeiro uma anestesia local (tipo a do dentista). Em seguida com a ajuda do ultrassom, determinaram onde a agulha deveria entrar. A agulha devia medir uns 10 ou 12 cm, e não era das fininhas. Aos poucos sempre monitorando a agulha foi totalmente introduzida no útero, ficando só a ponta onde seria introduzido o líquido.
Conforme foi enchendo o bebê meio q instintivamente foi se alongando. A sensação q todos tivemos era de q foi um grande alívio pra ele ter espaço pra se mexer. E como se mexeu, tivemos até q recomeçar o procedimento pq ele tampou a entrada do liquido com o pezinho.Nossa gente q pezinho lindo... Tortinho, mas lindo... Tão logo começasse a andar teria q usar botinha ortopédica, mas pelo menos dava pra arrumar. Esticou os bracinhos e num movimento q parecia um tchauzinho encheu os olhos da gente de lágrimas. Foi algo como um oi ou até breve ou ainda um adeus. Me doeu muito sentir tanta alegria em ver meu bebê bem. A sensação de impotência foi gritante. Eu não poderia proporcionar isso pra ele sempre. E a pior sensação de mãe deve ser justamente essa a de não poder proporcionar o melhor pra seus filhos...
Com a bolsa cheia de líquido pudemos ver todos os órgão dele. Os rins, estomago, pancreas, coração, os dedinhos (eram 20 gente... e lindos :) ). A torcida agora era pra q eu conseguisse manter o líquido dentro de mim. Pq com 19 sem os pulmões ainda não estavam prontos, e precisariam do liquido pra se formarem totalmente. Se o líquido ficasse as chances de sucesso subiriam pra algo em torno de 1 a 2%, ainda muito poucas, mas ao mesmo tempo enormes pra situação q apresentavamos...
Esqueci de contar uma coisa. A história de mulher ser sexo frágil e tudo relacionado a isso é uma tremenda mentira... Meu bebê é menina, a Melissa está aqui lutando como toda mulher faria, guerreira desde o ventre.
Levantei e fui me vestir, toda contente pq o liquido não tinha escorrido nem uma gota. Estava qse certo q tudo seria um sucesso. Combinamos de esperar por 30 minutos antes de irmos embora. Mas nem deu tempo de sair do consultório. Pra minha tristeza e desespero (inclusive do médico) começou a escorrer tudo. Estava acabado. O Dr. combinou q iria ligar pro meu médico pra eles trocarem opiniões e definirem um plano de conduta dali em diante. Mas enquanto eu estava no banheiro pingando, ouvi ele dizendo pro Juninho e pra minha mãe q ele ia recomendar q o meu Dr. induzisse o parto, q nada adiantaria insistir.
Mais uma vez meu chão caiu. Não queria falar com ninguém, se eu pudesse e se a vida em risco fosse somente a minha tinha saído correndo dali, em direção a lugar nenhum e só voltaria depois q tivesse certeza q tudo era um pesadelo.
Voltamos pra Praia Grande, eu muda, só conseguia lembrar de minha pequena dando tchau. Ou melhor ADEUS!. Agora tudo estava pior do q antes. Pq se a gente tinha alguma dúvida sobre a saúde da Mel antes, se o perigo de má formação era tão gritante antes, agora não era mais. Nós sabemos q ela é perfeita, e tirando o pé tortinho (imaginem q princesa de vestidinho e botinha) o único problema é a falta de líquido. Se ao menos tivesse ficado alguma coisa ela teria reais chances de nascer e sobreviver. Tudo q ela precisa nesse momento é de um pouco mais de água pra ajudar os pulmõezinhos.
De noite ligamos pro meu médico e minha consulta q seria na segunda-feira foi transferida para hj. Logo mais saberei o q vai acontecer... Talvez demore pra voltar aki pra contar, mas dou um jeito de avisar alguém q avisa as outras...
Muitos beijos
Pri, eu ainda não perdi esperança alguma e continuo rezando e pedindo muito a Deus que mantenha a Mel aí dentro e que só saia quando tiver grandes chances de sobreviver.Um beijo muito grande e muita fé amiga!Te amamosGi e Má & Thi Homepage 06.02.07 - 12:22 pm #
Pri eu nao te conheço mas tua história tocou fundo no meu coração e nao consegui mais parar de pensar em vc e na Melissa. Pri nao sei qual sua crença, mas de uma olhada nesse link é um milagre acontecido aki no Brasil na cidade de Franca de um bebe q foi gerado sem o liquido e nasceu sem nenhum problema.http://pt.wikipedia.org/wiki/ Gianna_Beretta_Molla, peça pela intercessão de Santa Gianna, q ja esta olhando por vc. Bjos mta fé, pq Deus te ama mto e nao tirará esse milagre de tua vida.Marcia Homepage 06.02.07 - 1:50 pm #
Lindo post de uma amiga comentando:
Pri, faz bem uma meia hora que estou sentada aqui, pensando no que te dizer... Tantas, mas tantas coisas, passam pela minha cabeça nesse momento. Eu não sei muito bem porque, mas desde quando conversamos pela primeira vez pelo msn você se tornou alguém muito especial para mim. Uma amiga de verdade, sabe. Daquelas que a gente torce com o coração aberto, que a gente quer sorrir junto, abraçar, chorar junto também, que a gente pensa todos os dias e quer sempre ter notícias. Você me tocou dessa forma. Quando você escreveu aqui sobre o teste de farmácia que tinha dado uma linha bem fraquinha, mas estava lá, eu passei boa parte da noite vibrando por você, agradecendo ao Universo por ter atendido seu pedido e você poder realizar esse sonho tão lindo em sua vida.
Diariamente, eu queria saber mais... saber como estava você, seu bebezinho, sua expectativa. Para mim, foi tão importante quanto saber como estava se desenvolvendo minha própria gravidez. Então, no dia 16 de maio, eu abri o blog e vi seu post triste sobre a curetagem. Sabe, naquele momento, eu me senti tão pequena. Foi um pensamento besta, mas senti como se eu pudesse ter te ajudado a evitar. Como se eu tivesse uma fórmula para evitar que você passasse por isso... e tivesse escondido. A cabeça da gente é meio estranha, às vezes, e nem sei porque me senti assim. Daquele dia até o dia em que a Luci me escreveu contando que você ainda estava grávida, não tenho dúvida de que pensei em você todos os dias (meu marido que o diga, de tanto que eu falava de você...rs). Queria tanto saber como você estava e queria até ocupar seu lugar para ver se você conseguia ver tudo o que passou com outros olhos...
Aí, eu soube da notícia de você ainda estar grávida, e mesmo a gravidez estando se desenvolvendo da forma que estava, eu não hesitei um minuto. Para mim já tinha dado certo e fim. E, talvez nesse momento tenha ficado mais claro porque sinto essa ligação tão forte entre a gente. Passamos por uma síndrome de pânico e superamos. A gravidez foi algo difícil de ser alcançado, mas estamos conseguindo com perseverança e amor.
Com tudo isso, a vontade de ocupar seu lugar, mudar suas idéias, de dar ainda mais força é, “egoisticamente”, IMENSA. Têm momentos que eu gostaria de poder só fazer você pensar coisas boas, só fazer você acreditar e ponto final. Mas não é assim que funciona. E mesmo se fosse possível ter esses poderes especiais, não seria certo. Não é à toa que somos todos dotados de livre arbítrio, não é? Eu acho que o que mais me impulsiona ter esses pensamentos egoístas é quando eu leio que você se questiona sobre por que tem que ser com você, por que dessa forma. A essas perguntas, você só encontrará respostas tristes, desanimadoras, que te põem para baixo... isso se encontrar. Eu passei 30 anos da minha vida pensando dessa forma. Por que comigo? Por que sou assim e não assado? Será castigo? Será que nunca vai mudar? E não mudava mesmo porque eu ficava no meio dessa “nhaca”. Até que eu entendi que eu só devia dar importância a uma coisa: “nada tinha importância tão grande para se dar tanta importância.”
Se você olhar pela ótica de que a Melzinha está aí dentro com pouco líquido, lutando para viver, até sofrendo para se mexer, te fazendo sofrer com as mexidas... tenho certeza absoluta de que você vai se sentir terrível, triste, angustiada e até ansiosa. Agora se você pensar que existem 20 dedinhos aí dentro, perfeitinhos, um pezinho torto que é um charme (igual ao meu, aliás...rs), uma mulher guerreira (só podia ser mulher mesmo!) que escolheu VOCÊ para vir a esse mundo, que insistiu em viver contra qualquer prognóstico científico ou coisa e tal, que te fez sentir pela primeira vez o amor de mãe, que te uniu ainda mais a seus amigos, a sua família, a seu marido; que te fez ver que você é abençoada por poder gerar uma vida... se você pensar nisso e em outras coisas boas que a Melissa te proporcionou, eu tenho certeza de que você encherá seu coração de coragem e passará por tudo que tiver que passar, acreditando que foi mais uma vivência preciosa que você teve em sua existência.
Eu já vi muitas coisas acontecendo, ultimamente e, por isso, não acredito mais no impossível, na infelicidade e desesperança. Recentemente, um tio meu foi atropelado e os médicos cogitaram morte cerebral, pois ele não respondia a mais nada. Hoje, dois meses depois, ele está falando normalmente e o que parecia impossível – pois o lado direito foi seriamente danificado – já mexe todo o lado direito. Meu vizinho foi diagnosticado com câncer terminal – tinha poucos meses mesmo de vida. Hoje, seis meses depois, ele anda normalmente pela rua, alegre e faceiro e os médicos estão de cara no chão.
E, assim é a vida, amiga, muito, mas muito mais profunda do que qualquer médico possa prever. Porque a vida é construída pelas nossas crenças, pela nossa força de vontade, pelos nossos desejos, pelos amigos que torcem e rezam por nós e, principalmente, pelo amor que nos faz cem bilhões de vezes mais capazes e maiores do que tendemos a acreditar que somos.
Eu sei que tudo isso se transformou em um livro...rsrs, tanto que eu tive que pôr em um post...rs, também sei que parece confuso ou pretensioso demais...rs, mas é o que meu coração pediu para te dizer. Ele ainda acredita que não é o fim. Que você vai contar tudo isso apenas como mais uma experiência que viveu e aprendeu.
Um beijo imenso para você e para a amiguinha da Belle – sinto que ela está aqui quietinha (milagrosamente!) desejando que a Melzinha venha a esse mundo para que as duas possam, com aqueles biquínis bem meigos, correrem pela praia de mãos dadas!
Shirlei Ramos
Por Pri e Mumu * 19:35